sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Verdade corpo de alma

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Verde de Corpo de Alma

Frankie estava-se nas tintas por conviver com os humanos, na realidade, até estava ansiosa...
- O que vou vestir para as aulas?
- Isto! - Viktor atirou um saco para os pés de Frankie.
Frankie remexeu dentro do saco, mas em vês de tirar roupa, tirou antes um estojo.
- Que é isto?
- Maquilhagem. - acenou Viveka.
- Da Sephora?
- Não. É Fierce & Flawless. Irás usá-la para esconder as costuras e a pele cor de menta.
- Porque? Não gostam da minha cor? - Frankie franziu as sobrancelhas indignada.
- Não, até pelo contrário. A nossa pele também é dessa cor mas, infelizmente, vivemos a tentar esconde-la dos humanos.
- A vossa pele também é verde? Mas... mas...
Viveka interrompeu.
- Sim. A nossa pele também é verde.
- Mas então porque a escondem?
- Simples, por causa da discriminação aos DAR.
- DAR?
- Sim. Isso mesmo. D.A.R. - Dissidentes dos Atributos Regulares.
- Fiquei na mesma.
Frankie atirou ao chão o saco e aproximou-se dos pais para ouvir.
Viktor explicou que na Idade Média, os DAR viviam juntos dos humanos, eles apenas os viam como pessoas com características um pouco diferentes mas aceitavam conviver na sua presença. No entanto, entre as décadas de 1920 e 1930 começaram-se a produzir filmes, livros e lendas como O Drácula, O Fantasma da Ópera, O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde entre outros...
- Isso mudou. - Viveka olhou para o chão para conter as lágrimas.
- Porquê? O que nos fez mudar?
- Nós não mudamos. Os humanos mudaram. Com a criação e divulgação de todas essas lendas e histórias, os humanos começaram-nos a tratar com criaturas horríveis, malditas, desprezíveis. Começaram a negar-nos emprego. As crianças tremiam de medo quando nos viam. Deixaram de conviver connosco. Começaram a perseguir-nos e agredir-nos. A vida, tal como a conhecíamos, tinha acabado.
- Ninguém se insurgiu? - perguntou Frankie relembram-se das batalhas históricas que tinham ocorrido por motivos semelhantes.
- Tentámos. Mas pioramos a situação...
- E então, o que fizeram? - Frankie aninhou-se ao lado da mãe.
- Foi mandado um alerta aos DAR para se reunirem e irem para Salem com o objectivo de se juntarem às bruxas e fazerem uma nova revolução.
- Mas os julgamentos de Salem não acabaram com todas as bruxas em 1692? E isto não foi na década de 1930? - Frankie sorriu orgulhosa de si mesma.
Viktor bateu palmas.
- Sim. É pena que o Zombie que organizou tudo não fosse tão inteligente como tu. Para além de não saber da morte das bruxas, também nos deu coordenadas erradas para Salem, Oregon em vez de Salem, Massachusetts.
- E então? Não puderam voltar atrás?
- Já era tarde...
Viktor olhou para Viveka e esta continuou a história.
- Ficamos aqui, em Oregon, a esconder os nossos parafusos, dentes, ligaduras, pelo, costuras... a tentar integrarmos-nos.
Frankie faiscou. Viktor e Viveka levantaram-se e rapidamente tentaram quebrar o ambiente tenso que existia entre eles naquele momento.
- Vamos fazer o pequeno-almoço.
Viveka e Viktor levantaram-se e saíram.
Frankie olhara-se no espelho. Era verde, e daí? Frankie estava pronta para tentar salvar a vida de todos os monstros. Além disso, ela era a menina perfeita do papá. E quem não adorava a perfeição?

Nenhum comentário:

Postar um comentário